O Romantismo, nascido em fins do Século 18, não foi um estilo, foi mais uma atitude existencial e uma reação ante a ditadura racionalista imposta pelo chamado Século das Luzes.
Para os românticos, junto com o culto ao onipresente, se impõe os valores intrínsecos da subjetividade: a emoção, o sentimento e a imaginação.
Ao festival industrialista de sua época, se opuseram o culto à natureza – e o culto aos antigos deuses – e perfilaram, involuntariamente a chamada consciência desventurada. Ser infeliz era ser digno. Somente um indigno podia ser feliz ante um mundo que avançava em busca da própria perdição.
Nesse bloco de desventurados que se inclui a escultora Camille Claudel, irmã do poeta Paul Claudel, revelando a profundidade do romantismo sofrido, tanto em sua obra como em sua vida. (AS)
A artista, nascida em 1864, é mais conhecida por sua vida atribulada que por seu trabalho. Aos 19 anos, conhece Auguste Rodin, 24 anos mais velho que ela, escultor já consagrado, que se torna seu mestre e amante.
Um amor ardente e secreto se prolongará por dez anos, muito embora Rodin nunca abandonará sua primeira amante, Rose Beuret, com a qual finalmente se casará em 1917.
Camille vive certa efêmera fama, graças ao apoio de Rodin, expondo em salões e participando de tertúlias em casa de Mallarmé e de Jules Renard, admiradores de seu trabalho.
Quando Rodin retorna em definitivo e totalmente ao seu antigo amor, começa a tragédia de Camille, que se fecha em seu estúdio e se entrega a uma solidão obsessiva, caracterizada pela pobreza e pela ruína física e mental. Só sai às noites.
A dor do abandono
Sua vida está relacionada à de Rodin até 1898, ano em que se separaram. A partir de 1906, arremete contra sua obra, destruindo grande parte de sua produção, numa espécie de exorcismo, como uma forma de livrar-se daquilo que ainda a vinculava ao homem amado e com a obsessiva dor do abandono, gravado em uma de suas esculturas.
Em 10 de março de 1913, por ordem de sua mãe (que mãe hein!, conheci uma parecida) e de seu irmão (que irmão!), ela é internada em um asilo de loucos em Ville-Evrard e, um ano depois, transferida para o hospital psiquiátrico de Montdevergues, que lhe dará abrigo até sua morte, trinta anos depois.
O Desprezo da Família
Não se encerra aí a desdita de Camille. Sua mãe jamais irá visitá-la e rechaça, firmemente, o conselho dos médicos para levá-la de volta ao lar. * depois dizem que família é tudo...
Seu irmão, Paul Claudel, além de próspero, fortalece-se politicamente, ao tornar-se embaixador da França. Não obstante, se nega, em 1933, a pagar-lhe uma pensão hospitalar. Nos 30 anos de internação, Paul a visita umas poucas vezes e nada faz para amenizar o sofrimento de Camille, apesar das cartas suplicantes que esta lhe envia, narrando as condições sub-humanas em que vive.
O Fim sem Glória
Rodin, por sua parte, envia-lhe algum dinheiro, expõe algumas das esculturas de Camille que sobreviveram à destruição, mas nada faz para liberá-la do hospital. De toda maneira, qualquer iniciativa sua seria obstada pela mãe de Camille, que o considera culpado pela ruína e loucura de sua filha.
Camille Claudel morre em sua prisão psiquiátrica em 1943, com a idade de 78 anos. Esquecida do mundo, morre sem glória, sendo enterrada, anonimamente, em uma vala comum.
Camille Claudel passou a ser mais conhecida do grande público quando a bela Isabelle Adjani a interpretou no filme "Camille Claudel", do diretor Bruno Nuytten. O longa mostrou ao mundo o drama de uma mulher que, pouco compreendida em seu tempo, foi condenada ao isolamento e, castigo pior, ao esquecimento. Aprendiz, amante e rival de um ícone da arte, Auguste Rodin, Camille durante décadas ou foi ignorada ou existiu somente à margem de seu grande mentor.
Nem mesmo uma retrospectiva de sua obra, realizada em 1951, no Museu Rodin teve sucesso. Somente em 1984, na mesma instituição, outra exposição finalmente revelou ao público o gênio da artista. Desde então, Camille Claudel tem sido reverenciada como uma das grandes escultoras do século XX. E ainda que seja impossível dissociar seu nome do de Rodin (e vice-versa) a beleza e a força de sua obra se impõem por mérito próprio. São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais puderam comprovar o talento da artista na grande retrospectiva "Camille Claudel" que esteve nessas cidades entre 1997 e 1998.
Oito anos depois, uma parcela significativa das obras da artista volta ao solo nacional, dessa vez para percorrer um circuito incomum para exposições deste tipo, geralmente realizadas no eixo Rio-São Paulo. Palmas, capital de Tocantins, é a primeira capital deste circuito que inclui, por ora, Curitiba, Belém, Manaus, Recife, Vitória e Belo Horizonte.
Camille ficou só. O irmão Paul Claudel, poeta, viajara para os Estados Unidos e lhe faltava mais esse amparo. Passou a criar obsessivamente; percebia-se, contudo, que perdia a sanidade. O golpe final veio quando, durante uma exposição, não conseguiu vender nenhuma escultura. O fracasso, o álcool, e agora o descrédito, somados às suas muitas decepções, fizeram-na indignar-se a tal ponto que, em dado momento, destrói as peças que havia criado.
Espírito livre, Camille ousou tornar-se amante de Rodin, que a tomara como aluna, aos 19 anos. Vivem momentos felizes, revelados em obras como "A Valsa", por exemplo. Ela não resiste, porém, à separação de ambos após 15 anos de relacionamento. Só e infeliz, a partir de 1898, começa a ter seus primeiros delírios. Oito anos depois, boicotada por Rodin e com problemas financeiros, piora e acaba por ser internada em um hospital para doentes mentais. Ali, sem nunca ter recebido a visita da mãe, permanece por 30 anos, até sua morte, em 1943, aos 79 anos.
agradecimentos à amiga Angela Soares
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